terça-feira, 31 de agosto de 2010

‘Nos Estados Unidos, pensam que sou de Marte’, diz Faustão

Em uma rara entrevista, publicada nesta segunda-feira (30) pelo boletim Jornalistas&Cia, o apresentador Fausto Silva diz que o tejornalismo brasileiro é cópia do americano, que a imprensa tem preconceito contra seu programa e que a internet é “o penico do mundo”.

Faustão, 60 anos, fala também sobre a paternidade tardia (ele foi pai pela primeira aos 48) e sobre sua carreira como jornalista e apresentador.

”Ainda sou do tempo do telex… Porque, hoje, se você perguntar para umas pessoas o que é mimeógrafo ou a galocha, tem gente que não sabe. Olha que absurdo: quando eu comecei aqui [no Domingão do Faustão], há 22 anos, não havia controle remoto, internet, TV a cabo, celular, e shopping center não abria domingo. São cinco mudanças de comportamento muito, muito sérias”, afirma.

Faustão vê aspectos positivos na internet, mas faz pesadas críticas: “Eu acho que a internet, em determinados momentos, é o penico do mundo. As pessoas jogam o que querem lá dentro sem a menor responsabilidade. Por outro lado, é óbvio que ela tem o mérito extraordinário de ter aproximado as pessoas, de ter dado um ritmo mais veloz à informação”.

Para Faustão, sua “escola” de televisão foram o rádio e o jornal (antes da TV, ele trabalhou 12 anos em veículos como a rádio Jovem Pan e o jornal O Estado de S.Paulo):

“Normalmente, gente de jornal e rádio dá certo na televisão. São os melhores celeiros. Não é questão só da personalidade artística. Quem tem conteúdo e, principalmente, sabe diferenciar a importância de conteúdo e forma, geralmente vem de jornal ou do rádio, que dão esse jogo de cintura, até porque não existe ainda uma escola de televisão. Algumas pessoas são formadas naquela escola de televisão engessada, em que o cara faz enterro, batizado e incêndio, e tudo do mesmo jeito. Tanto que você vê que o jornalismo brasileiro é totalmente copiado do americano”, contou Fausto Silva à jornalista Cristina Vaz de Carvalho.

Na entrevista, Faustão reclama de um “certo preconceito” da imprensa, por ser o Domingão do Faustão “um programa de auditório e de variedades”. “Mas eu pergunto: qual o programa de auditório foi escolhido pelo Betinho para lançar a Campanha contra a Fome? Qual programa de auditório foi procurado pela ONU para fazer uma pesquisa consultando a população sobre o que ela poderia fazer para melhorar o seu país? Que programa de auditório é, todo ano, solicitado pelo presidente da Associação dos Magistrados para conscientizar sobre a importância de não se vender o voto, e de que o voto é a arma mais importante da democracia?”, questiona.

O apresentador lembra de suas contribuições à televisão brasileira. “Se você fizer uma pesquisa _e eu já tenho algumas informações_ não existe no mundo um apresentador que passe atrás das câmeras, que mostre como é a televisão, que fale nome de músico… [...] Que chame o pessoal que está atrás das câmeras para participar. Agora, nos Estados Unidos, as pessoas acham isso um absurdo, pensam que eu sou de Marte. Mas é o jeito, a gente considera bem brasileiro isso. É o jeito brasileiro, e deu certo.”

Faustão falou até dos três filhos. “A vantagem do pai velho é que ele tem uma qualidade de vida, uma qualidade de relacionamento melhor. Tem mais chance para fazer isso com o filho. Ao passo que meus amigos que hoje têm 60 anos, todos são avós. É outro parâmetro de relacionamento”.

Blog Daniel Castro , no R7.Com

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